domingo, 16 de agosto de 2020

O que é Enfermagem?

     A resposta a essa pergunta sempre vem acompanhada com a frase "a enfermagem é ciência e a arte do cuidado". Queria debater um pouco sobre essa frase, trazendo um pensamento mais prático sobre esse conceito.

     Até mesmo a mais dedicada das mães só sabe a melhor forma de cuidar da sua criança se alguém ensinar. Não estou negando que há o instinto materno e a ação do cuidado, mas seria o último realizado da forma mais correta? Posso citar como exemplo o banho de um recém nascido, onde temos que nos preocupar com a temperatura da água, a técnica de segurar a criança na banheira, o que lavar primeiro e como... Outro exemplo é a amamentação, onde além de incentivar pelos benefícios do ato, é necessário orientar como realizar uma "pega" correta, melhorando assim a eficácia da sucção e prevenindo complicações como lesões nos mamilos da mãe.

     Outro conceito importante para entendermos a prática da enfermagem é o auto-cuidado. Todos temos essa capacidade também intuitiva de cuidar do próprio corpo, quando por exemplo nos alimentamos, higienizamos nosso corpo através de um banho ou quando lavarmos as mãos, de ir ao banheiro para fazer nossas necessidade fisiológicas, e outros... Mais uma vez existe uma técnica correta para cada um desses procedimentos tão rotineiros. Podemos, entretanto, perder essa capacidade de auto cuidado, dependendo que outros o façam por nós. Vemos isso claramente nos extremos da idade (crianças e idosos), mas também pode ocorrer em nossa idade mais produtiva, devido situações onde todos estão sujeitos, como no adoecimento, após um procedimento cirúrgico ou em consequência de um acidente. Essa perda de auto cuidado, que pode ser momentânea ou permanente, é muito dolorosa para o indivíduo, pois ações tão corriqueiras e feitas muitas vezes sem nos darmos conta se tornam mais importantes que qualquer outra. Como é bom ser independente... por isso lidar com um momento de fragilidade e dependência do outro ultrapassa o conhecimento técnico. É necessário abrir mão de preconceitos, ter a sensibilidade de entender o sofrimento alheio e lidar com isso da forma mais leve possível. Nessa hora a enfermagem ultrapassa a ciência se transforma em arte.

     A designação do termo Arte vem do latim Ars, que significa habilidade. Essa habilidade de lidar com a dor do outro, com os limites que as situações sujeitam qualquer humano é um dos atributos conceituais da enfermagem. 

     Outro conceito para arte é a "habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional." Percebo essa habilidade quando por exemplo uma enfermeira tem que pulcionar a veia de uma criança assustada. Técnica e sensibilidade.

     "A definição de arte é muito subjetiva, mas no geral podemos interpretar arte como tudo aquilo que é estético ou que busca comunicar, se expressar, passar uma mensagem." A enfermagem ensina o autocuidado da forma mais clara e acessível possível, não é um conhecimento que pode ficar guardado apenas com o profissional.

    Portanto, o cuidado não é meramente intuitivo, ele é ensinado, transformado e evolui como ciência (pois todo profissional, nas mais diversas áreas do conhecimento, justificam sua prática baseado em evidências científicas). Mas, além de ciência, também é arte pela complexidade e beleza do ato de cuidar.

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Depois da enfermagem, por que agora nutrição?

     Muitos são os questionamentos dos motivos que me levaram, após mais de 15 anos de enfermagem, optar por uma segunda graduação e a mesma ser nutrição.
 
     Desde criança minha mãe, dentro dos conhecimentos que ela possuia e adquiria, sempre se preocupou com uma alimentação mais saudável. Usava o mínimo de gordura e sal, e sempre usava a frase "tal alimento tem fibra". Nunca faltava frutas e demais vegetais (apesar de sinceramente não gostar muito na época) e, por uma questão financeira, nunca tivemos o costume de comprar goluseimas como biscoitos recheados, sucos artificiais, refrigerantes, Chips e outras coisas que as crianças adoravam. Pelo contrário lembro que no jardim de infância levava suco de laranja natural! Outra coisa que ela conta é que, quando tínha uns 6 meses de idade, ela perguntou ao pediatra se podia dá "Danoninho" e o mesmo falou para ela não ir em conversa das pessoas e propagandas, que a criança deveria se criada com arroz, feijão, carne e verdura.

      Logo após me formar em enfermagem em 2004 fui aprovado em um concurso para programa saúde da família (PSF) em Belo Horizonte, onde estou até hoje. Me especializei em saúde da família  e sou um defensor da saúde coletiva, e mais que isso, acredito na importância da prevenção de doenças e promoção da saúde.

     Nos primeiro anos de PSF, não havia o profissional de nutrição nos Centros de Saúde (famosos "Postos de Saúde") de Belo Horizonte. Devido isso, nesse processo de prevenção e promoção, muito das orientações alimentares fornecidas aos usuários da rede SUS eram realizadas pela enfermagem. 

     Acompanhamos crianças de baixo peso, pacientes com diabetes, hipertensão arterial, obesidade, complicações renais, dentre outras situações. Com isso, além dos conhecimentos básicos obtidos na graduação, foi necessário ir além, ler mais a respeito de nutrição e sua relação na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

     Nos grupos operativos, por exemplo os de hipertensos e diabéticos, o foco sempre foi que não bastava apenas tomar os medicamentos, mas era necessário uma mudança no estilo de vida (alimentação saudável, atividade física regular, interromper tabagismo e etilismo, entre outros cuidados) pós alcançar um melhor controle de uma patologia, previnindo complicações.

     Mais recentemente foi criado o NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) composta por diversos profissionais como fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, farmacêuticos, psicológigos e educadores físico. Esses profissionais trouxeram um upgrade no atendimento realizado nos Centros de Saúde, realizando atendimentos individuais e coletivos à população.

     Entretanto e infelizmente, ainda são poucos profissionais, com uma carga horária insuficiente para tanta demanda. Assim, voltando para a nutrição, muito das primeiras informações sobre alimentação, até esse paciente passar por um atendimento individual ou coletivo com um nutricionista, é realizada pelo enfermeiro.

    Outra coisa que aprendi na prática da enfermagem e o quanto que a alimentação interfere na saúde das pessoas... Realmente vivemos (e morremos) pela boca. Hoje, ao mesmo tempo que temos um culto a um padrão de beleza "esbelto", temos um apelo ao consumo de "fast foods" e outras comidas ditas rápidas e práticas. Tempos modernos e paradoxais.

      Diante de tudo que escrevi, acabei me interessando cada vez mais por alimentação saudável. Mais recentemente, chegando aos 40 anos e tentando obter mais resultados na musculação e perder uma barriguinha adquirida, acabei lendo mais sobre suplementos alimentares e nutrição esportiva. 

     Tive então o "insigth" de fazer nutrição. Comecei a pesquisar sobre como obter um segundo título para aproveitar as matérias que fiz na Enfermagem (como anatomia, bioquímica, fisiologia e outras) e que conseguisse coincidir com minha rotina de trabalho. Das faculdades que procurei, a Faculdade Promove/Kennedy foi a mais receptiva, me apresentou a melhor proposta de reaproveitamento das disciplinas, possui excelentes professores, uma coordenação envolvida e acessível e uma ótima estrutura física. Até o momento só tenho elogios.

     Em breve estarei mais respaldado para fazer as orientações alimentares aos meus pacientes. Além disso a prefeitura de Belo Horizonte oferece progressão salarial para segunda graduação com relação a área de atuação.